segunda-feira, 4 de maio de 2009

CINECLUBE JMB NO II ENCONTRO DE CINECLUBES DA PARAÍBA

De 01 a 03 de Maio de 2009, durante a programação do IV Cineport - Festival de Cinema de Países de Língua Portuguesa -, aconteceu em João Pessoa o II Encontro de Cineclubes da Paraíba. O evento foi realizado no hotel Imperial e foi promovido pela Associação Brasileira de Documentaristas, Seção Paraíba - ABD-PB -, através do Tintin Cineclube, em parceria com o IV Cineport.

O cineclube JMB participou do encontro, que além de cineclubistas contou com representantes de festivais e pessoas interessadas em montar clubes de cinema em suas regiões. De Sousa à João Pessoa, de Monteiro à Cabedelo, de Patos à Bayeux, passando ainda por Campina Grande, Pocinhos, Nazarezinho, Congo, Baía da Traição, Catolé do Rocha, Santa Inês e Lucena... o audiovisual e o movimento cineclubista mostrou força não só na capital, mas também no interior.


CREDENCIAMENTO E MESAS


A manhã do primeiro dia do encontro foi reservada para o credenciamento dos cineclubes do interior do estado. À tarde, os cineclubes da capital se credenciaram. Nesse quesito um ponto negativo do IV Cineport: a produção do festival atrasou os kits do cineclubes de João Pessoa (bolsa, camisa etc) e as credenciais (crachás) não foram entregues a alguns participantes até hoje (a do JMB só foi entregue porque fui pedir diretamente à produção).

Depois do credenciamento rolou a primeira atividade do encontro, uma mesa que teve como tema DIREITOS DO PÚBLICO: POR ONDE ANDAM OS FILMES BRASILEIROS?. Participaram da mesa Antonio Claudino de Jesus (presidente do CNC e Vice-Presidente do Comitê Executivo da Federação Internacional de Cineclubes – FICC), Liuba Medeiros (Tintin Cineclube) e Fernando Trevas Falcone (Jornalista, pesquisador de cinema e ex-cineclubista).

Claudino baseou sua fala no percurso histórico do movimento cineclubista no país. Desde o surgimento formal do movimento em 1928, a criação do CNC – Conselho Nacional de Cineclubes – em 1962, até a reestruturação do Conselho em 2005. Entre a criação do CNC e sua posterior rearticulação, Claudino ainda pontuou momentos importantes para o movimento, como a clandestinidade dos movimentos sociais com a instituição do AI-5, a Jornada Nacional de Cineclubes de Curitiba em 1974, de onde saiu a Carta de Curitiba, em defesa do cinema nacional e o Encontro Internacional de Cineclubes na antiga Checoslováquia em 1987, evento que resultou na Carta de Direitos do Público (Carta de Tabor). Fernando Trevas deteve-se à cinematografia nacional, ressaltando o direito do público de ter acesso aos produtos audiovisuais brasileiros, já que boa parte dos filmes são realizados com dinheiro público através de isenção fiscal. Vale lembrar que independente de ter dinheiro público ou não em seu orçamento, a Constituição de 1988 garante o acesso da população a todo bem cultural em circulação no país.

Na tarde do segundo dia aconteceram duas mesas. Às 14h (na verdade um pouco mais tarde por conta das atividades da manhã que se estenderam além do previsto), foi iniciada a mesa BAIXA O TEU QUE EU BAIXO O MEU: OS CINÉFILOS NA ERA DA INTERNET E DAS TECNOLOGIAS PORTÁTEIS. Estiveram na mesa Arthur Lins (produtor cultural e cineasta paraibano), Ricardo Oliveira (jornalista) e a profª Tatiana Aires Tavares do LAVID – Laboratório de aplicações de vídeo digital. Inicialmente o prof. Guido Lemos comporia a mesa, mas por alguns problemas a profª Tatiana teve que substituí-lo.

Às 16h teve início a mesa QUE TAL UM CINEMINHA? – O RAIO X DA CINEFILIA PARAIBANA, O estudante, cineclubista e cinéfilo Ramon Porto e o jornalista do Jornal da Paraíba Renato Félix debateram, mediados pelo Prof. Luiz Antonio Mousinho.

Infelizmente as mesas não foram tão produtivas quanto eu esperava, apesar de alguns bons momentos. Na primeira mesa a parte interessante ficou por conta da profª Tatiana, que apresentou, ainda que de maneira bastante técnica, o LAVID e os projetos de vídeo digital e produção de conteúdo coordenados e executados no laboratório. O jornalista Ricardo Oliveira usou um slide intitulado por ele de “Eles não estão ficando pobres” para mostrar basicamente que os downloads não prejudicam as indústrias fono e cinematográficas e que as empresas desse ramo devem se adequar às novas tecnologias. Apesar de nos fornecer alguns dados e exemplos interessantes, Ricardo discorreu sobre um assunto de certa forma gasto, acabou perdendo o foco e entrando numa seara acadêmica muito densa para a ocasião. Na segunda mesa, Ramon Porto falou sobre cinefilia, origem do termo, citou teóricos e cineastas franceses, cahiers du cinéma etc. etc. Demonstrando um bom conhecimento cinematográfico, Ramon deu exemplos e definições de cinefilia. O problema ficou por conta de um certo sectarismo presente na fala dele no que tange o gosto e as impressões cinematográficas (apesar de eu achar que era essa sua intenção). Para mim Dario Argento é um diretor genial, um dos caras que melhor controla a câmera no cinema atual, mas não posso impor isso a ninguém. O grande barato do cinema, e da arte em geral: cada um faz a catarse cinematográfica que prefere, dentro da visão de mundo que lhe concerne. Não lembro bem da exposição do jornalista Renato Félix. O único momento que me vem à cabeça foi sua tentativa de definir filme clássico. Segundo ele um filme só se torna clássico quando passa pela prova do tempo (muuuito tempo). Apesar de não discordar totalmente dele, essa posição foi rebatida por Ramon, que expôs as diferenças do termo clássico esclarecendo bem algumas coisas.


GT'S


Para as manhãs do sábado e domingo do Encontro foram programadas Oficinas de formação cineclubista. No entanto, ficou definido ainda na sexta-feira que seriam criados grupos de trabalho (Gt's) e os cineclubes se dividiriam para participar dos grupos. Foram criados os seguintes Gt's:


  • Cineclubes e articulações em rede (facilitado por Virgínia de Oliveira Silva, do Projeto Cinestésico)

  • Cineclubes e Tecnologias da Informação (facilitado por Zonda Bez, Minc)

  • Cineclube, acervo e memória (articulado por Liuba Medeiros, do Tintin Cineclube)


O Jomard Muniz de Britto participou do Gt facilitado por Zonda Bez, que apresentou novas e velhas ferramentas de divulgação do cineclube, entre outros: Gmail e seus inúmeros serviços (google docs, reader, blog), twitter, delicious e iTeia.

As proposições de cada Gt foi relatada e ao final lida. Ressalto a estreita conexão das demandas de cada grupo de trabalho. Muitos dos pontos propostos pelos Gt's coincidiam o que acabou facilitando o trabalho.

Na tarde do último dia os relatores de cada Gt se reuniram para redigir a Carta dos Cineclubes Paraibanos com novas propostas para os governos estadual, federal e para os festivais de cinema.


Em breve postaremos a carta aqui.

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Em muito breve ótimas novidades para os frequentadores do cineclube. Aguardem!

Um comentário:

  1. Obrigado pelos comentários e avaliações sobre minha participação na mesa. Importante para próximas vezes. Só não sei a quem direcionar a fala já que o post não está assinado. É legal rever isso, considerando que existem opiniões colocadas aqui e pra dialogar é sempre bom saber com quem.

    abraço's.

    Ricardo Oliveira
    www.diversita.com.br

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